28 novembro, 2007

João amava Teresa que amava Raimundo...


Sempre me disseram que um dia ou outro eu ia ter que aceitar a realidade, que ficar brincando de faz de contas não faria mais sentido e eu teria que sair da teoria do "um dia...". Nunca dei bola pra tais comentários, mas quem é que dá? Quando se está apaixonada é isso mesmo que acontece, você anda de olhos fechados, não quer ver a verdade na sua frente e muito menos quer encarar o fato do cara simplismente não te querer. Comigo sempre foi pior ainda, eu nunca tive motivo pra odiá - lo, pra ter raiva, ou pra nunca mais querer vê-lo. Pelo contrário, ele sempre me tratou como a melhor pessoa do mundo, sempre demostrou carinho, apego e até desejo (que hoje eu enxergo que tudo aquilo era realmente desejo e quem foi errada ou cega foi eu mesma). A verdade é que ele deve ter cansado, cansado de eu nunca ter reconhecido o que ele fazia por mim e então arrumou outra pessoa, outro alguém que demonstrou tudo o que ele precisava... Ou então foi a velha história de Drummond "João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém."


Mas agora não tem mais como fugir, aquela tal realizade veio à tona, e eu tive que aceitar que não há mais nada que eu possa fazer. Acabou. Acabou algo que simplismente nem começou, seja lá por minha causa ou seja por causa do poema de Drummond. O nosso ciclo de amizades não é mais o mesmo, não é mais pra mim que você telefone de madrugada porque está sem sono, não sou mais a melhor ouvinte sobre suas conquistas e derrotas, e não sou mais quem você procura pra contar que ficou de novo de recuperação de Matemática e que sua mãe vai ficar louca da vida...


Mas pra mim o que basta é saber que você tá bem, de uma forma ou outra, que tem alguém te fazendo bem e alguém que está te dando tudo o que eu não fui capaz. Eu até poderia te dizer que todo aquele amor que você mesmo criou em mim ainda existe e que não diminuiu nem um pouco, ou até mesmo aumentou mas que diferença isso faria na sua vida? Imagine só que bom seria se ao menos eu conseguisse falar tudo isso pra você, ou quem sabe fizesse você ler tudo isso...


Aceitar que a minha realidade mudou e que você não faz mais parte da minha vida eu já aceitei, o que falta agora é saber o que eu vou fazer em relação a isso, mas daí já é outro assunto (...)

Quem sabe um dia desses você ainda me ligue e fale "Oi Sá, sou eu.. deixa eu contar o que aconteceu..." como se nada tivese acontecido, e se isso algum dia passar pela sua cabeça saiba que o meu telefone continua o mesmo.

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