21 julho, 2010

Dia do Amigo

Primeiro eu queria falar que acho pura hipocrisia e puro marketing esse negócio todo de "dia de alguma coisa". Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, Dia do Cachorro, Dia do Peixinho do Aquário, Dia do Tio da Tia do Avó, etc. E Dia do Amigo, né. Acho hipócrito pelo motivo de terem pessoas que só se lembram que possuem um amigo, uma mãe, um namorado e seja lá o que for nesses dias. E marketing, eu não preciso nem falar. Dizem ser o Dia das Mães o de maior lucro do comércio, passando até o Natal.
Mas ontem foi Dia do Amigo e eu, deixando de lado um pouco essa minha rebeldia, resolvi pensar um pouco sobre os meus amigos. Eu tenho amigos? Quem são meus amigos? Quem eram? E de quem eu fui realmente amiga?
Sempre ouvi uma frase do meu pai que, antes, não me fazia muito sentido: "Sabrina, eu não sou seu amigo. Nem eu, nem sua mãe somos seus amigos. Somos seus pais!". Achava isso meio estranho. Como assim meu pai falando que não é meu amigo? E tudo isso que a gente ouvi na TV de que os pais são os melhores amigos dos filhos? E que devemos contar tudo a eles? Meu pai não me ama.
Cresci e vi que ele, pra variar, estava certo. Pai e mãe não são amigos de nenhum filho. Pai é pai, mãe é mãe. E amigo, é o que? Amigo é aquela mãe que não pariu o filho. Deixa eu explicar..
Eu não sei bem como é esse sentimento maternal, né. Por enquanto. Mas todas as mães com as quais eu tenho contato também não sabem explicar. "Você vai entender só quando for mãe!". Deve ser algo muito parecido com você querer grudar a pessoa no seu corpo e não tirar mais, para o resto da vida. Pelo menos, é assim que eu sinto dos meus pais. Amigo não sente isso, deusmelivre grudar todos meus amigos em mim o tempo todo. E olha que eu amo todos eles.
Mãe não tem vontade de ajudar, ela vai lá e faz. Mãe não fala qual remédio é melhor, ela vai lá e cuida. Mãe não te aconselha numa situação difícil, ela vai lá e resolve pra você. Se fosse ver bem, mãe namoraria o cara antes de você pra ver se vale a pena; faria o vestibular por você (ou te passaria todas as colas, sabendo que isso não é certo); manipularia o professor pra ele te dar um 5 bola e você passar de ano; teria todas as suas dores e se internaria quantas vezes fossem necessárias num hospital no seu lugar; e teria aquele filho que surgiu de uma transa indesejável por você. Em casos meus extremos, tem aquela mãe que ficaria presa na cadeia no lugar do filho. Ué, tem todo tipo de mãe. E todo tipo de filho.
Amigo NÃO. Jamais. "Tá maluco, cara? Eu na cadeia? Pera aí que eu tenho um número de um advogado daqueles pra você!". "Vou te explicar mil vezes essa matéria mas você vai entender!". "Não sei não viu, esse menino não é bom pra você, amiga. Você é bem melhor que ele. Dizem que o passado dele não é dos melhores. O Bruno sempre te deu maior bola e você fica nessa!". "EU NÃO ACREDITO! Por que sem camisinha? Louca. Eu quero ser a madrinha, já tô falando antes da Marília!", e por aí vai. O amigo não queria estar na sua pele, diferente dos pais. Amigo quer fazer de tudo pra te tirar daquela furada e vocês poderem ir tomar uma logo no bar.
Aí, depois de pensar um pouco nessa diferença de amigopaimãeamigo, comecei a lembrar dos meus amigos. Percebi que eu tenho uma sorte enorme.
Eu já tive tudo quanto é tipo de amigo. "Sou da turma do abraço", como disse o poeta. E sou mesmo. É mais fácil fazer amizade comigo do que o Brasil fazer um gol em tempos de Pelé. Adoro gente por perto, barulho, risada e festa. E, por causa disso, já fiz amizade com as mais diversas pessoas. E cada uma me marca de maneiras diferente. Tem uns que marcam mais. Uns que são mais presentes. Uns que eu quase nunca vejo mas sei que está lá. Ou aquela chata que me liga o dia todo mas não vivo sem. Tem aquela tímida que pra ir até num dentista me chama porque não sabe o que conversar. Tem aquela muito mais festeira que eu, que me chama pra uma balada e me deixa a Deus dará, mas no final da noite sempre acabamos juntas rindo de tudo. Ou chorando. Tem a amiga-irmã, aquela que a gente briga mais do que com a própria irmã. A amiga que mora junto, que sabe todos meus passos, ensina a fritar ovo e te acorda pra faculdade. Tem aquela de infância (e a marca dessa tá bem no seu joelho, da vez que vocês pularam juntas a casa do vizinho). Tenho um carinho especial por cada um deles/delas. Se eu pudesse, daria um abraçado bem apertado em cada dos meus amigos agora e falaria pra eles o quanto eles são especiais. Não só no Dia do Amigo, em todos os dias.

"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

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