19 julho, 2010

Um ano depois


Eu estava aqui pensando em como voltar a ativa com o blog. O que escrever, como escrever e o porquê escrever. Não achei resposta alguma, claro. Posso escrever o que me der na telha?
A gente passa os três anos do ensino médio só ouvindo e falando de faculdade, de vestibular, de estudo, de química, física e o caraleo a quatro. Cada um de nós faz um fantasma disso tudo e fica imaginando como será toda essa vida nova, não é mesmo? Comigo não foi diferente.
Passei o maior perrengue igual a todo mundo que quer entrar numa universidade pública de grande nome. Cursinho, aula de sábado, aula em pleno feriado de 7 de setembro, estudo de madrugada, estudo nas vésperas dos vestibulares, choros, sentimento de derrota, o medo do gabarito, a ansiedade, as ânsias que surgem do nada, a garrinha de àgua no domingo da prova, a dor de barriga no meio daquela questão decisiva, as noites em claro e, felizmente, o choro da felicidade em ver seu nome na lista de chamada.
Passei pelo fantasma do medo da mudança também, por que não? Dia de matrícula, a gente não conhece ninguém. Meu pai ainda me deixa na porta da UNESP e fala que está esperando no carro. Aham, pai, senta lá. E eu tive que ir com a cara e coragem, perguntando pra mil e uma pessoas onde é que ficava a sessão de matrícula para os convocados para Letras. Conversei com pessoas que eu nem imaginaria que hoje seriam tão próximas, e como. "Oi, meu nome é Sabrina, é aqui a matrícula?!". Uma moça simpática me fez sentar nas cadeiras de espera (que hoje são as minhas, da aula da tia Guagua) e lá eu fiquei, analisando tudo. Lembro-me do rostinho de cada um, do olhar de cada um, aquele olhar que te traz paz e conforto. "Também tô perdido(a) nessa, acho que seremos colegas de classe no mínimo!".
Foi aí que eu percebi como minha vida mudaria, e de como eu precisaria crescer e amadurecer pra encarar tudo que viria pela frente. Minha sorte foi ter a Rê junto comigo e, por isso, não tive muito problema com lugar pra morar. O cantinho do Smirne parecia estar me esperando e eu me senti em casa logo que pisei no 101. Só não vou me esquecer da fala da dona Renata: "Então, aqui ao lado é uma república masculina, mas a gente nem é amiga deles, mal os conhecemos!". Mal os conhecemos.
Passei também pela fase do "quero minha mãe, quero minha casa, quero voltar". Foi difícil e parecia que tudo ia desabar em cima de mim. Quando me vi em pleno centro não podendo abrir uma conta numa loja de móveis pois não obtinha renda para tal, tive uma crise de choro e pedi pra voltar. "Sabrina, isso não é o fim do fundo, aguenta firme, você lutou por isso!". Mãe é mãe. Aos poucos eu fui me acostumando, aprendi a pegar ônibus depois de tentar entrar pela porta do meio, aprendi a abrir a lata de atum com um guardanapo na mão após dois pontos no dedo, aprendi a atravessar DIREITO a rua quando um carro brecou 2 centímetros do meu pé e aprendi a não acreditar em ninguém depois das 3h da manhã. Mas a gente precisa tomar pra aprender, é assim com todo mundo.
Muita coisa de legal aconteceu nessa mudança toda e nesse mês que estou em férias já sinto falta da minha terrinha da laranja, do povinho que fala "aaaaacha" e do universitário da cantina. Morar fora é diferente porque tudo o que acontece é mais intenso e eu não sei explicar o porquê. As relações que você tem com as pessoas parecem mais calorosas (ou até mais explosivas); aquele amigo irmão realmente é aquele irmão; aquele porre é mais intenso; a dor de cabeça é mais forte; a festa é mais legal; os medos são mais sérios e os arrependimentos e choros também. Estranho tudo isso. Um amigo meu me disse esses dias que é porque eu virei adulta e problemas de adultos são mais sérios, assim como os relações e os divertimentos. Meio complexo, mas achei interessante.
Mas eu já tenho metas e mudanças para o próximo semestre, viu. Preciso dormir mais, estudar mais, faltar menos do francês e tirar meu vizinho de perto de mim quando o assunto por comida, peloamor! Vi uma comunidade no orkut que me fez rir muito e vai me ajudar a finalizar esse texto: "E eu que sonhava com a UNESP... hoje nem durmo mais!"

É isso. Para um recomeço do recomeço tá bom!
Bejunda pra vocês.
(Ah, essa foto da FCLar é clichê mas eu acho linda!)

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